Braz de Aviz, um 'papabile' brasileiro progressista e próximo aos pobres
S¥O PAULO, 11 Mar 2013 (AFP) - O cardeal brasileiro João Braz de Aviz percorreu um longo caminho desde o sul do Brasil, onde nasceu em uma família humilde, até os corredores do Vaticano, onde hoje aparece como possível sucessor do papa Bento XVI.
O progressista arcebispo emérito de Brasília, de 65 anos, não apenas se esquivou das distâncias geográficas ou sociais, mas também de outros obstáculos mais complexos quando realizava um intenso trabalho pastoral nas favelas brasileiras, país com o maior número de católicos do mundo.
Em 1983 foi sequestrado por dois jovens que tentavam assaltar um caminhão de transporte de valores em Apucarana, no Paraná. Na fuga, os jovens ordenaram para que intercedesse por eles diante dos agentes que, na escuridão da noite, dispararam mais de cem tiros ferindo-o em todo o corpo.
"Jesus, por que devo morrer aos 36 anos?", clamou o sacerdote, que disse a um jornal italiano ter ouvido uma resposta divina que o tranquilizou: "Eu morri aos 33 anos, você já teve três anos a mais do que eu".
E sobreviveu.
Ordenado sacerdote em 1972, bispo em 1994 e nomeado cardeal por Bento XVI em fevereiro de 2012, Braz de Aviz foi chamado ao Vaticano em 2011 para se converter em prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, responsável por cerca de 800.000 religiosos e religiosas de todo o mundo.
Era arcebispo de Brasília desde 2004.
Será a primeira vez que este cardeal brasileiro participará de um conclave para a eleição do Papa. Ele estará ao lado de outros compatriotas, com o arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, outro nome que aparece como possível sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado no fim de fevereiro alegando falta de forças.
Um total de 115 cardeais eleitores escolherão o novo pontífice.
Braz de Aviz nasceu no dia 24 de abril de 1947 na pequena cidade de Mafra, no estado de Santa Catarina. Segundo de oito irmãos, se mudou com a família para o Paraná seguindo seu pai, um açougueiro.
"A decisão de olhar para os pobres nos dava uma esperança enorme, sobretudo a nós, que vínhamos de famílias pobres", disse evocando o início de sua carreira como sacerdote em declarações à revista italiana '30 Dias' pouco tempo depois de chegar a Roma para seu novo cargo.
"Estávamos dispostos a deixar tudo, inclusive o seminário, se aquele ímpeto não fosse recebido e abraçado na realidade eclesiástica na qual vivíamos", acrescentou ao se referir à Teologia da Libertação, a corrente latino-americana que surgiu na década de 1960 a favor dos mais pobres, mas que foi marginalizada por Joseph Ratzinger antes de se tornar Bento XVI.
Braz de Aviz, membro do movimento dos Focolares, formado em teologia em Roma, não seguiu os caminhos da Teologia da Libertação, embora reconheça a sua influência na Igreja católica.
"Sigo convencido de que em toda aquela história ocorreu algo realmente grande para toda a Igreja, (...), que a predileção pelos pobres é uma escolha de Deus, como se vê no Evangelho", disse.
Quando foi nomeado cardeal por Bento XVI, Braz de Aviz surpreendeu pedindo à Europa e aos Estados Unidos que desçam do pedestal para olhar com outros olhos a América Latina.
"Na América Latina e em outras partes temos que admirar a grande história da Europa, sua beleza. Mas a Europa, por sua vez, deve descer das alturas e ter uma atitude fraternal com os outros continentes e deixar de olhar os demais do alto", disse em uma entrevista à agência de notícias católica I-Media.
Classificado como uma pessoa aberta e próxima, organizou como arcebispo de Brasília o XVI Congresso Nacional Eucarístico.
"Era muito aberto, sempre teve uma relação muito aberta não apenas com o clero, mas também com o povo", contou à AFP o sacerdote Emerson Barros, encarregado de comunicações da arquidiocese de Brasília.
"Por exemplo, manteve uma relação muito próxima com as igrejas evangélicas. Há pastores que falam muito bem dele", acrescentou.
O Brasil, onde 123 de seus 194 milhões de habitantes se declara católico, passou nos últimos anos por um explosivo crescimento da religião evangélica.
Considerado progressista, o cardeal disse que existe a possibilidade de que um latino-americano ocupe o trono de Pedro e que ele é tão candidato quanto o resto dos cardeais.
O progressista arcebispo emérito de Brasília, de 65 anos, não apenas se esquivou das distâncias geográficas ou sociais, mas também de outros obstáculos mais complexos quando realizava um intenso trabalho pastoral nas favelas brasileiras, país com o maior número de católicos do mundo.
Em 1983 foi sequestrado por dois jovens que tentavam assaltar um caminhão de transporte de valores em Apucarana, no Paraná. Na fuga, os jovens ordenaram para que intercedesse por eles diante dos agentes que, na escuridão da noite, dispararam mais de cem tiros ferindo-o em todo o corpo.
"Jesus, por que devo morrer aos 36 anos?", clamou o sacerdote, que disse a um jornal italiano ter ouvido uma resposta divina que o tranquilizou: "Eu morri aos 33 anos, você já teve três anos a mais do que eu".
E sobreviveu.
Ordenado sacerdote em 1972, bispo em 1994 e nomeado cardeal por Bento XVI em fevereiro de 2012, Braz de Aviz foi chamado ao Vaticano em 2011 para se converter em prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, responsável por cerca de 800.000 religiosos e religiosas de todo o mundo.
Era arcebispo de Brasília desde 2004.
Será a primeira vez que este cardeal brasileiro participará de um conclave para a eleição do Papa. Ele estará ao lado de outros compatriotas, com o arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, outro nome que aparece como possível sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado no fim de fevereiro alegando falta de forças.
Um total de 115 cardeais eleitores escolherão o novo pontífice.
Braz de Aviz nasceu no dia 24 de abril de 1947 na pequena cidade de Mafra, no estado de Santa Catarina. Segundo de oito irmãos, se mudou com a família para o Paraná seguindo seu pai, um açougueiro.
"A decisão de olhar para os pobres nos dava uma esperança enorme, sobretudo a nós, que vínhamos de famílias pobres", disse evocando o início de sua carreira como sacerdote em declarações à revista italiana '30 Dias' pouco tempo depois de chegar a Roma para seu novo cargo.
"Estávamos dispostos a deixar tudo, inclusive o seminário, se aquele ímpeto não fosse recebido e abraçado na realidade eclesiástica na qual vivíamos", acrescentou ao se referir à Teologia da Libertação, a corrente latino-americana que surgiu na década de 1960 a favor dos mais pobres, mas que foi marginalizada por Joseph Ratzinger antes de se tornar Bento XVI.
Braz de Aviz, membro do movimento dos Focolares, formado em teologia em Roma, não seguiu os caminhos da Teologia da Libertação, embora reconheça a sua influência na Igreja católica.
"Sigo convencido de que em toda aquela história ocorreu algo realmente grande para toda a Igreja, (...), que a predileção pelos pobres é uma escolha de Deus, como se vê no Evangelho", disse.
Quando foi nomeado cardeal por Bento XVI, Braz de Aviz surpreendeu pedindo à Europa e aos Estados Unidos que desçam do pedestal para olhar com outros olhos a América Latina.
"Na América Latina e em outras partes temos que admirar a grande história da Europa, sua beleza. Mas a Europa, por sua vez, deve descer das alturas e ter uma atitude fraternal com os outros continentes e deixar de olhar os demais do alto", disse em uma entrevista à agência de notícias católica I-Media.
Classificado como uma pessoa aberta e próxima, organizou como arcebispo de Brasília o XVI Congresso Nacional Eucarístico.
"Era muito aberto, sempre teve uma relação muito aberta não apenas com o clero, mas também com o povo", contou à AFP o sacerdote Emerson Barros, encarregado de comunicações da arquidiocese de Brasília.
"Por exemplo, manteve uma relação muito próxima com as igrejas evangélicas. Há pastores que falam muito bem dele", acrescentou.
O Brasil, onde 123 de seus 194 milhões de habitantes se declara católico, passou nos últimos anos por um explosivo crescimento da religião evangélica.
Considerado progressista, o cardeal disse que existe a possibilidade de que um latino-americano ocupe o trono de Pedro e que ele é tão candidato quanto o resto dos cardeais.